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outubro 14, 2010
Rage Against The Machine no Brasil
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A primeira coisa que preciso escrever a respeito é "SWU vai tomar no cú". Essa frase foi repetida diversas vezes em alto e bom som durante a primeira apresentação da banda Rage Against The Machine no Brasil, durante um evento que ocorreu em 9 de outubro de 2010 em Itu, SP.
Para mim alguns motivos foram fundamentais para o ocorrido.
1. A organização do evento escolheu bandas que movimentam massas, legiões de fans e uma delas foi o RATM. Só que o Rage é uma banda totalmente contra os conceitos modernos da sociedade e o sistema imposto, a maioria das letras são protestos e o comportamento da banda é extremamente rebelde.
2. O evento foi projetado para ser grande com muitas marcas, patrocinadores, corporações e até transmissão ao vivo da Globo pelo canal Multishow, logo, é completamente segregado, divido com zonas de valores de ingresso de acordo com a localização, dando aos normais e pobres coitados a visão das formigas no palco e telas com transmissão e aos economicamente super-dotados o direito de bater na mão do artista e pular do lado dele... ...a turma PREMIUM!
3. Problemas técnicos com os auto-falantes principais, um dos P.A.'s não aguentou o som do contrabaixo e estava dando problemas, os técnicos reclamavam de volume excessivo, porém não sabiam que o som da banda Rage Against The Machine tem o som do baixo de Tim Commerford liderando a linha melódica das músicas enquanto a guitarra de Tom Morello e a voz de Zack da la Rocha ficam mais soltas, talvez se soubessem disso, teria um equipamento para aguentar o som dos caras!
4. E a gota d'água foi o repertório com comportamento de palco. Começaram o show com Testify, o público foi a loucura, depois Bombtrack com todos gritando.. BURN, BURN, BURN.. que foi só incendiando a galera, até que veio People of the sun, música em que Zack dedica ao MST (movimento dos trabalhadores rurais sem terra), um movimento que é contra TODA a turma PREMIUM (a elite, as famílias donas de terra), além ter a linha de contrabaixo mais pesada e presente das músicas do RATM, para dar lugar à outra música ainda mais pesada e rebelde, Know your enemy... que prega claramente que a Elite é inimiga. A música vai se desenvolvendo e repetindo.. "We don't need the key, we brake in" até que Zack começa a cantar a parte da música em que diz "time to pay", pronto... todos invadiram a área vip... empurraram, pisotearam e o bicho pegou para a turma PREMIUM, e a organização do evento parou o show e não deixou continuar até que o espaço segregado voltasse ao normal.
Foi esse o momento em que a ideia da frase nasceu, a galera estava indignada, precisou o Zack pedir para galera dar uns passos para trás, mas o show não parou, deram um tempo para que pudessem refazer o "muro" e mandaram logo em seguida Bulls on Parade e Township Rebellion, outro soco no equipamento, que começou a dar pau e a galera reclamar... aí ficou bem claro e ouvível "SWU vai tomar no cú!" enquanto arrumavam o equipamento para depois um "Hey, Globo, vai tomar no cú!" foi quando houve a primeira parada de transmissão ao vivo da Globo, para voltar com a banda mandando um Free Style e Zack de la Rocha soltou a voz e começou a rimar que nem um louco, uma letra que pregava os problemas sociais do Brasil e fazia referências ao MST, o que é normal em um festival de livre expressão artística e sem censura. A banda já emendou esse free style em Bullet on your head, que é totalmente anti-tv e anti-mídia, além de ser a última música que ví.
O RATM tocou muitas outras músicas, não apenas estas, mas como não paguei para ver o show, fico satisfeito com o pouco que a Globo decidiu transmitir até censurar o Rage Against The Machine. Ela diz que decidiu fazer isso devido à invasão da área premium, que acarretou em falta de segurança para a equipa da empresa, mas na internet é fácil encontrar as outras músicas em que Tom Morello, guitarrista, toca com o boné do MST.
É isso aí, quem fez questão de pagar teve a oportunidade de ver esse showzasso de perto... claro, essa distância é medida em reais! Mas o Rage é foda... é a fúria contra a máquina, contra o sistema e essa palhaçada armada, o circo lucrativo segregado.
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